O Dia das Mães, que neste ano cai no dia 11 de maio, é uma data permeada de histórias e celebrada em datas completamente diferentes dependendo do país.
A origem da data como conhecemos hoje é geralmente atribuída aos Estados Unidos, com a famosa campanha política de Anna Jarvis no início do século XX para transformar um dia de homenagem à sua falecida mãe em um feriado nacional.
Mas a ideia de dedicar um dia às mães já existia há muito tempo em outros lugares como o Reino Unido. Desde o século XVI, existe na Grã-Bretanha o chamado Mothering Sunday, uma tradição ligada ao calendário religioso cristão. Ele era comemorado no quarto domingo da Quaresma, o Domingo Laetare ou Domingo de Alegria, em que os fieis experimentam um dia de reflexão mais profunda sobre o amor de Deus e a alegria do tempo penitencial que nos aproxima de Jesus Cristo através do sacrifício.
Originalmente, o Domingo Laetare também era o dia em que os filhos da classe trabalhadora que haviam sido mandados para servir às famílias ricas das grandes cidades podiam retornar à igreja onde foram batizados — ou seja “igreja mãe” — e aproveitavam para visitar suas mães, muitas vezes levando pequenos presentes ou flores colhidas no caminho.
Com as mudanças nas condições trabalhistas no Reino Unido a partir da Revolução Industrial, houve também um declínio na observância dessa tradição que, com o tempo, foi perdendo força.
Foi apenas em 1913 — época em que Anna Jarvis iniciou nos Estados Unidos a já mencionada campanha pelo Dia das Mães — que o tema voltou a ser pauta na esfera pública britânica com a publicação dos livretos de Constance Penswick Smith, que convidava os leitores a um reavivamento do Mothering Sunday, propondo um retorno à celebração religiosa tradicional.
Por que então não comemoramos o Dia das Mães no 4º Domingo da Quaresma?
A razão de celebrarmos o Dia das Mães no segundo domingo de maio, como nos Estados Unidos, e não no quarto domingo da Quaresma, como no Reino Unido, tem a ver principalmente com a influência dos Estados Unidos e um contexto histórico e religioso distintos.
O que aconteceu foi que o movimento criado por Anna Jarvis no início do século XX teve tamanho sucesso e apelo emocional e comercial que levou o presidente Woodrow Wilson a oficializar o segundo domingo de maio como o Dia das Mães nos EUA, em 1914. E foi essa versão laica, moderna e americana da data que se espalhou pelo mundo.
E foi assim que, em 1932, Getúlio Vargas oficializou o Dia das Mães no Brasil — seguindo exatamente o modelo americano, tanto em espírito quanto em data: segundo domingo de maio.
Apesar de a data não ter uma ligação direta com o calendário litúrgico cristão, a ideia é essencialmente apoiada pela Igreja Católica no Brasil, que enxerga na data uma oportunidade de reforçar os valores familiares.