O presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Gilberto Waller, pediu “calma” a aposentados e pensionistas vítimas da fraude bilionária através dos chamados descontos associativos que teve início, segundo investigações, no ano de 2016.
De acordo com Waller, o governo Lula realizará buscas ativas para identificar todas as vítimas dos sindicatos e das associações que executaram os descontos indevidos nos pagamentos dos beneficiários do INSS.
“A gente vai fazer uma campanha de busca ativa pelas pessoas. Não deixando ninguém à margem. Então, o 1º recado: tenham calma”, disse o presidente do Instituto durante entrevista em Brasília, nesta quarta-feira (14).
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Waller também informou que no primeiro dia de funcionamento do aplicativo “Meu INSS” – desenvolvido para que as vítimas possam contestar os descontos – mais de 473 mil beneficiários disseram não reconhecer ou autorizar o vínculo com sindicatos e associações que realizaram descontos em suas aposentadorias e pensões.
“Até às 16h de hoje, 480.660 pedidos foram feitos, abertos pelo sistema. A gente verifica que isso é um dado muito inferior daqueles curiosos que adentraram para consultar, ver se estava funcionando. Desses 480.660, 473.940 pessoas, ou seja, 98,6%, informaram não reconhecer o vínculo, não reconhecer o desconto”, informou o presidente do INSS.
Além do aplicativo, as vítimas da fraude podem contestar os descontos por telefone, através do número 135, e direto nas agências.
O governo estima que 9 milhões de aposentados e pensionistas foram lesados pela fraude.
Fraude bilionária
De acordo com a investigação da Polícia Federal (PF) e dados da Controladoria-Geral da União (CGU), os descontos irregulares, sem a autorização de aposentados e pensionistas, teriam alcançado quase R$ 8 bilhões de 2016 a 2024. A CGU aponta que quase 100% desses descontos teriam sido feitos de forma irregular.
Entre de 2019 a 2024 foram desviados cerca de R$ 6,3 bilhões dos repasses do INSS a sindicatos. Desse total, R$ 4,1 bilhões, quase 64% do montante, teriam sido desviados em 2023 e 2024, os dois primeiros anos do governo Lula.
A investigação resultou na demissão do presidente nacional do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de outros servidores por suspeitas de envolvimento no suposto esquema bilionário.