O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou de lado as diferenças com o setor do agronegócio e fez um afago nesta sexta (6) após o país receber o certificado de livre da febre aftosa sem vacinação.
A certificação ocorreu pela manhã em Paris, onde cumpre agenda oficial desde quarta (4), com o reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Lula reconheceu os esforços do setor pelo trabalho desenvolvido nos últimos 60 anos.
“Na reunião que recebemos o certificado, até com empresários do agronegócio, achei que ali tava todo mundo companheiro. Tem momentos na vida da gente em que as diferenças desaparecem quando os objetivos comuns são contemplados”, afirmou o presidente em discurso ao final do Fórum Econômico Brasil-França.
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Ele emendou afirmando reconhecer o “trabalho vigoroso” que os empresários tiveram para o Brasil conquistar o certificado, e que “a gente precisa aprender a reconhecer os sacrifícios”.
No mesmo discurso em Paris, Lula defendeu o agronegócio brasileiro em meio às discussões com o presidente francês, Emmanuel Macron, para a concretização do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Enquanto Macron vê a questão agrícola com ressalvas – protegendo os produtores franceses – Lula afirma que os dois lados podem ganhar com a parceria.
“Se nós colocarmos os agricultores franceses junto dos brasileiros, vai ter uma descoberta extraordinária. Eles vão descobrir que a nossa agricultura é complementar, uma não prejudica a outra. Por que eu não posso comprar um franguinho francês e por que os franceses não podem comprar um franguinho brasileiro? Comércio binacional é uma via de duas mãos”, afirmou.
O afago de Lula aos empresários do agronegócio contrasta com embates que costuma ter e relatar em discursos públicos, por conta da resistência do setor às suas políticas e apoio massivo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele já chegou a afirmar que não conta com a simpatia dos produtores por uma “questão ideológica”, mesmo com o sucessivo crescimento do Plano Safra desde que voltou ao governo para este terceiro mandato.
Lula também não tem a simpatia do setor por conta de sua ligação histórica com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que promovem invasões mesmo a propriedades produtivas e em meio às tratativas de avanço da reforma agrária.
“[Os sem terra] são tão úteis ao Brasil quanto o agronegócio. Um produz coisa com qualidade e facilita com que o Brasil ganhe mercado para exportação, e os outros […], pequenos proprietários, produzem os alimentos que nós comemos. Não faço distinção, sou favorável que os dois convivam harmonicamente, democraticamente”, disse Lula em uma entrevista no ano passado em Goiânia para anunciar investimentos federais.
