Um empresário árabe-americano foi usado como canal secreto para intermediar as negociações entre o governo de Donald Trump e o Hamas que resultaram na libertação do refém Edan Alexander, nesta semana.
Apesar de seu nome ter ganhado destaque nos últimos dias, a relação de Bishara Bahbah com Trump começou há mais tempo. O empresário é conhecido por aproximar a comunidade árabe nos EUA com os republicanos, em especial o atual presidente.
O ativista fundou a Arab Americans for Trump (Árabes Americanos por Trump, em tradução livre). Em entrevista ao Canal 12 de Israel, Bahbah afirmou que decidiu se juntar ao atual líder da Casa Branca depois de ter suas demandas sobre a guerra em Gaza “ignoradas” pelo governo antecessor, de Joe Biden.
“Depois que ele [Biden] não nos ouviu, decidi me juntar a Trump”, afirmou ele, em novembro do ano passado.
Em outra entrevista, desta vez para a revista The New Yorker, Bahbah chegou a declarar que era um democrata registrado e votou em Biden nas eleições passadas. No entanto, abandonou o partido após a inação do governo sobre a guerra em Gaza.
Bahbah contou à época que foi convidado em maio do ano passado a participar da criação de um comitê de ação política chamado “Árabes-Americanos por uma América Melhor”. O bilionário de origem libanesa Massad Boulos, cujo filho, Michael, se casou com a filha de Trump, Tiffany, também ingressou no projeto de campanha.
Segundo o jornal Haaretz, pouco tempo depois, ele fundou a Arab Americans for Trump, com o apoio de Boulos, com o objetivo de unir as comunidades árabes e muçulmanas em todos os estados indecisos para as eleições de 2024.
Após as declarações de Trump, em fevereiro, sobre o possível controle dos EUA sobre a Faixa de Gaza, Bahbah decidiu alterar o nome do grupo para “Árabes Americanos pela Paz”.
Depois da libertação do refém Edam, na segunda-feira (12), o empresário árabe-americano concedeu uma nova entrevista ao Canal 12, na qual detalhou seu contato com o Hamas.
Segundo afirmou, ele começou a se envolver diretamente com o grupo terrorista cerca de um mês atrás, quando foi procurado por um alto funcionário do Hamas. Os terroristas teriam se envolvido inicialmente com Bahbah após a visita do primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman al-Thani, a Washington no mês passado.
Após esse primeiro contato, o ativista árabe-israelense teria troca mais de 20 mensagens, entre telefonemas e mensagens de texto, com lideranças do grupo palestino.
De acordo com o Jerusalem Post, Israel teria tomado conhecimento das negociações por meio de seus próprios serviços de inteligência, não da Casa Branca. Segundo duas autoridades israelenses, comunicações secretas foram interceptadas, revelando o contato.
Bahbah também é ex-diretor associado do Instituto do Oriente Médio da Universidade de Harvard e atuou como membro da delegação palestina nas negociações sobre Controle de Armas e Segurança Regional (ACRS) após os Acordos de Oslo, uma série de acordos entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Bahbah obteve seu mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard em 1981 e 1983, segundo informa o próprio site da universidade. Também foi professor de investimentos, finanças e gestão de patrimônio.
