Como Maduro interfere no esporte

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, protagonizou mais uma das suas palhaçadas no último fim de semana: reteve por 12 horas no Aeroporto de Maturín, sem explicação convincente, os atletas e a comissão técnica da seleção de futebol da Bolívia, que havia acabado de perder por 2 a 0 para a Venezuela pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

O objetivo, claro, era atrapalhar a preparação do time boliviano – com quem os venezuelanos disputam uma vaga no Mundial – para a partida seguinte (não deu muito certo: jogando em casa, a Bolívia venceu o Chile hoje por 2 a 0).

Como vários ditadores antes dele (Hitler, Mussolini, Fidel Castro), Maduro sempre se valeu do esporte para se promover e proteger seus interesses.

No caso da retenção da seleção boliviana, é quase impossível que haja alguma punição representativa da Fifa, porque a entidade máxima do futebol mundial é parceira da ditadura chavista.

Recentemente, Maduro anunciou a criação de um programa para levar a prática do futebol a milhares de escolas de ensino médio em todo o país, com o apoio da Federação Venezuelana de Futebol (FVF) e da Fifa.

Segundo um comunicado do regime da Venezuela, o projeto incluirá a distribuição de 50 mil bolas de futebol, a formação de três técnicos por escola e a participação inicial de 3 mil colégios.

“Vamos massificar o futebol com todas as condições: bolas, técnicos, uniformes, para preparar uma era superior do futebol venezuelano”, afirmou Maduro. Precisará de muita ajuda: a Venezuela é a única seleção filiada à Conmebol que nunca jogou a Copa do Mundo.

Por falar em FVF, o regime chavista é grande aliado de Jorge Giménez, o jovem empresário de 37 anos que preside a federação venezuelana.

Ele estava junto da vice-presidente de Maduro, Delcy Rodríguez, quanto esta viajou à Espanha em janeiro de 2020, apesar de estar impedida de fazê-lo devido a sanções da União Europeia – a gestão do presidente socialista do governo espanhol, Pedro Sánchez, alega que, quando soube das sanções contra Rodríguez, a visita foi cancelada e a vice venezuelana não saiu do Aeroporto de Madri.

O então ministro dos Transportes da Espanha, José Luis Ábalos, esteve envolvido no chamado caso Koldo, no qual são investigadas suspeitas de cobrança de comissões ilegais para a compra de máscaras durante a pandemia de Covid-19.

Segundo a polícia espanhola, o coordenador do esquema seria o empresário Víctor de Aldama, ligado a Ábalos e que teria organizado a viagem de Rodríguez.

A investigação apontou que Aldama teria se aproveitado das suas relações com Ábalos para “influenciar” no resgate de 475 milhões de euros (pagos com recursos do Fundo de Apoio à Solvência de Empresas Estratégicas do governo espanhol) da companhia aérea Air Europa, na qual o empresário integrava o conselho consultivo, em 2020.

Aldama teria atuado como intermediário de contratos públicos favorecendo terceiros em outros países, principalmente na Venezuela, apontaram os investigadores.

Entretanto, em entrevista em novembro ao jornal espanhol El Mundo, o jornalista venezuelano Roberto Deniz destacou que as relações do presidente da FVF com Rodríguez vão bem além de caronas para viajar para a Espanha.

“Ele [Giménez] é um empresário muito jovem, presidente da FVF. Ainda não tem 40 anos, mas acumulou muito poder porque é um operador financeiro de Delcy Rodríguez. No [site] armando.info, já publicamos algumas investigações sobre ele, não apenas sobre como chegou à presidência da FVF com o patrocínio e apoio de Delcy, mas também sobre como se envolveu em negócios com a [estatal de petróleo venezuelana] PDVSA e os Claps [Comitês Locais de Abastecimento e Produção], sempre devido à sua relação com a vice-presidente”, relatou Deniz.

O beisebol, como esporte preferido dos venezuelanos, também não escapa das interferências dos chavistas.

Em 2019, no seu primeiro mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impediu jogadores afiliados às grandes ligas de participarem da Liga Venezuela de Beisebol Profissional (LVBP), como parte de uma série de sanções contra o governo Maduro.

Poucos meses depois, levantou parcialmente essas punições, mas elas foram mantidas para dois times, o Tigres de Aragua e os Navegantes del Magallanes, pelos vínculos com o regime chavista. Em 2022, já no governo Joe Biden, os dois clubes tiveram as sanções levantadas pelos Estados Unidos.

Maradona se ofereceu para ser “soldado” de Maduro

Maduro e seus aliados também gostam de utilizar o prestígio de atletas e ex-atletas vencedores para fazer propaganda da ditadura da Venezuela.

O craque argentino Diego Maradona (1960-2020), que adorava um ditador – tinha tatuagens de Che Guevara e Fidel Castro, a quem vivia bajulando –, era amigo do venezuelano Hugo Chávez e também mostrava entusiasmo pelo sucessor deste.

Numa postagem no Facebook em 2017, ele e sua então namorada, Rocío Oliva, teceram loas a Maduro.

“Somos chavistas até a morte, e quando Maduro der a ordem, estarei vestido de soldado por uma Venezuela livre, para lutar contra o imperialismo e aqueles que querem se apoderar de nossas bandeiras, que são o que temos de mais sagrado”, escreveu o casal.

“Viva Chávez!!!! Viva Maduro!! Viva a revolução!!! Viva os venezuelanos de cepa pura, não os venezuelanos interesseiros ​​e envolvidos com a direita”, afirmaram Maradona e Oliva.

No ano seguinte, o ex-jogador participou de um comício em Caracas que encerrou a campanha presidencial de Maduro – que, como sempre, venceu sob acusações de fraude eleitoral.

Outro caso de exploração de um grande nome do esporte por Maduro foi o da venezuelana Yulimar Rojas, campeã olímpica no salto triplo nos Jogos de Tóquio-2020 (realizados em 2021, devido à pandemia).

Ela visitou o ditador várias vezes e em 2023 fez campanha pelo “sim” num contestado referendo, por meio do qual a ditadura chavista perguntou à população da Venezuela se aprovava que o governo tomasse ações para anexar a região do Essequibo, correspondente a 70% do território da vizinha Guiana.

Rojas apareceu num vídeo passeando com uma bandeira da Venezuela numa área de mata densa, que não se sabe ao certo se era realmente parte do Essequibo. “Defenda, vote e proteja. Pela nação que amamos e nos protege. Participe neste dia 3 de dezembro, porque o Essequibo é nosso”, disse a saltadora no vídeo.

Como se vê, Maduro tem uma história ligada ao esporte – que, a exemplo do que diz respeito à sua atuação em política, economia e direitos humanos, também é vergonhosa.

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