Coreia do Norte infiltra funcionários de TI no Ocidente

Empresas de tecnologia dos Estados Unidos e da Europa podem estar financiando, inadvertidamente, o programa nuclear da Coreia do Norte. É o que aponta um relatório publicado no dia 18 de maio pela DTEX Systems, uma empresa norte-americana de cibersegurança.

Segundo o documento, o regime de Pyongyang possui um esquema para infiltrar profissionais de tecnologia da informação (TI) norte-coreanos em companhias ocidentais, utilizando identidades falsas e documentos forjados. O objetivo final é desviar os salários recebidos — até 80% dos valores — para financiar diretamente o programa nuclear do país e sustentar o regime de Kim Jong-un.

A investigação da DTEX, exposta no relatório, detalha que este esquema começa com norte-coreanos, sob rígida supervisão de Pyongyang, acessando sites e plataformas internacionais de empregos remotos para se candidatar a vagas em grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, Europa e outros mercados. Para seguir adiante nos processos seletivos para as vagas, eles apresentam documentos forjados, currículos falsos e perfis em redes sociais criados especialmente para dar credibilidade às candidaturas.

O relatório revelou que a maior parte dos norte-coreanos envolvidos atualmente no esquema não trabalham de dentro da Coreia do Norte, mas sim de países como China, Rússia, Laos, Vietnã e Camboja, para onde são enviados. O documento aponta que o regime de Kim prioriza essas nações por terem uma cobertura mais ampla de internet (diferente da Coreia do Norte) e ambientes financeiros menos rigorosos para cidadãos norte-coreanos, o que facilita a movimentação de dinheiro e a operação do esquema com discrição e eficiência.

Durante todo o processo seletivo e mesmo após conquistar a vaga, os norte-coreanos envolvidos no esquema mentem sobre sua verdadeira localização e alegam residir em países do Ocidente, revela o documento. Para sustentar a fraude, o relatório explica que os norte-coreanos contam com o apoio de intermediários na Ásia e até mesmo de parceiros em solo americano ou europeu. Esses cúmplices mantêm redes de computadores conectadas à internet local, mascarando a real localização dos profissionais. Dessa forma, os norte-coreanos conseguem participar de entrevistas e acessar sistemas empresariais, comparecendo a reuniões virtuais como se estivessem nos Estados Unidos ou Europa, quando, na verdade, operam a partir de países asiáticos. Segundo o documento, esse método engana tanto os departamentos de recursos humanos quanto os sistemas de segurança digital das empresas, dificultando a identificação da verdadeira origem dos trabalhadores.

O relatório destaca que os participantes do esquema mantêm contato direto e constante com agentes do regime de Pyongyang, que supervisionam cada atividade realizada por eles, orientam sobre contratos e fornecem instruções para evitar qualquer suspeita. Para não levantar dúvidas, os norte-coreanos que participam do esquema aprendem a simular hábitos de profissionais ocidentais, enviam documentos em inglês e até adotam nomes e sotaques estrangeiros em apresentações virtuais.

A DTEX comparou em seu relatório a estrutura deste esquema criado pelo regime de Kim Jong-un a uma “máfia estatal”, baseada em coerção, controle centralizado e vigilância permanente para garantir o envio dos recursos à ditadura. Segundo a empresa, norte-coreanos que cometem qualquer deslize ou causam prejuízo à operação são severamente punidos pelo regime.

“É um modelo de negócio criminoso voltado para sustentar uma ditadura armada com ogivas nucleares”, afirmou à revista Fortune Michael Barnhart, analista da DTEX Systems.

Recrutados desde jovens

O relatório da DTEX Systems aponta que o recrutamento desses falsos profissionais começa ainda na juventude: estudantes norte-coreanos com destaque em matemática e ciências são identificados pelo regime ainda no ensino básico e, posteriormente, são direcionados para universidades de elite em Pyongyang. Lá, recebem o treinamento intensivo em tecnologia da informação e cibersegurança.

Após a graduação, são finalmente enviados para os países citados acima (China, Rússia, Laos, Vietnã e Camboja) onde passam a atuar como membros do esquema sob rígido controle de agentes da ditadura de Kim Jong-un. Durante toda a operação, os norte-coreanos participantes vivem sob intensa pressão dos agentes norte-coreanos e passam a receber apenas uma fração do salário da vaga para a qual se candidataram — valor que, segundo o relatório, é “apenas suficiente para se manter no local onde estão”.

Segundo pontuou a DTEX, a infiltração dos norte-coreanos nas empresas de tecnologia ocidentais não só financia o programa nuclear do regime de Kim, mas também abre portas para roubo de dados, espionagem industrial e ataques cibernéticos.

A DTEX destacou que as informações confidenciais obtidas por esses funcionários nos empregos são frequentemente repassadas a autoridades em Pyongyang, podendo ser usadas para aprimorar fraudes e ciberataques futuros. O relatório cita ainda o uso crescente de inteligência artificial por esses falsos profissionais para sofisticar fraudes, falsificação de documentos e ataques automatizados nas empresas afetadas.

“O risco de contratar trabalhadores remotos norte-coreanos é maior do que a maioria das pessoas imagina. É uma ameaça global, ativa neste exato momento”, alertou no documento Kevin Mandia, fundador da Mandiant e conselheiro da DTEX Systems. Segundo a empresa de cibersegurança, a infraestrutura crítica e cadeias globais de suprimentos já podem estar comprometidas por causa deste esquema.

“Os profissionais da Coreia do Norte não estão apenas batendo à porta – já estão dentro de casa”, cita o relatório.

Fora os dados levantados pela DTEX, estimativas das Nações Unidas apontam que esquemas como esse podem estar gerando entre US$ 250 milhões e US$ 600 milhões por ano para o regime de Kim Jong-un. Além disso, ataques realizados por hackers militares já arrecadaram mais de US$ 3 bilhões em criptomoedas roubadas, parte utilizada para sustentar o estilo de vida da elite do país e contornar sanções internacionais.

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