Corrupção reforça impopularidade e dificulta reeleição de Lula

O projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta, desde 2024, crescente perda de popularidade, puxada pela alta no custo de vida. Nos últimos meses, porém, um novo fator de desgaste da imagem do presidente também passou a assombrar a sua perspectiva eleitoral de 2026: o avanço da percepção de mais corrupção no país.

Após os desvios bilionários de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Palácio do Planalto teme agora que o esforço para recuperar aprovação perdida seja anulado pelo escândalo. Lula já anunciou medidas como isenção de imposto de renda para salários até R$ 5 mil, subsídios na conta de luz e botijões de gás gratuitos.

Além de ainda tentar reverter a insatisfação dos eleitores com a carestia, o governo se viu agora forçado a também tentar mitigar os impactos políticos e midiáticos dos esquemas que vitimaram beneficiários do INSS. O desafio é controlar a narrativa sobre o tema e uma eventual comissão parlamentar de inquérito (CPI) dedicada a ele.

“A crise econômica, com alta no custo de vida, já vinha derrubando a popularidade [de Lula]. Agora, o agravamento da percepção de corrupção complica ainda mais o cenário”, avalia o cientista político Ismael Almeida. Para ele, sem conseguir entregar melhora concreta na economia e dar respostas firmes contra a corrupção, a reeleição fica “muito mais difícil”.

Competitivo no primeiro turno, Lula pode perder para a direita no segundo

A impopularidade de Lula apurada pelo Instituto Quaest e divulgado na quarta-feira (4) atingiu 57%, recorde da pesquisa. Para 45% dos seus 2.004 entrevistados em 120 cidades, de 29 de maio a 1º de junho, o governo está pior do que o esperado. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com grau de confiança de 95%. “O quadro abre espaço para que adversários de direita e de centro ganhem força”, diz Almeida.

Segundo o levantamento, mais da metade (61%) da população avalia que o Brasil está na direção errada. Como sinal forte de frustração, 56% avaliam que o Lula 3 está pior que os dois mandatos anteriores do presidente. E como novo fardo para sua gestão atual, ele é apontado por 31% como responsável pelo desvio do dinheiro de beneficiários do INSS.

A nova pesquisa Quaest, divulgada nesta quinta-feira (5), reforça o cenário de deterioração eleitoral de Lula, que aparece tecnicamente empatado com diversos nomes da direita nas simulações de segundo turno em 2026. Ele perdeu a vantagem que tinha em abril e figura com 41% contra 41% de Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030.

Lula empata dentro da margem de erro com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (41% a 40%), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (43% a 39%), e com os governadores Ratinho Júnior (40% a 38%), do Paraná, e Eduardo Leite (40% a 36%), do Rio Grande do Sul. Em todos esses cenários, Lula liderava com folga em abril.

Para a pesquisa desta quinta, a Quaest também ouviu 2.004 pessoas entre os dias 29 de maio e 1º de junho em 120 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o grau de confiança é de 95%.

Rejeição elevada se consagra como o maior desafio para Lula se reeleger

O instituto Quaest mostra também rejeição elevada ao presidente: 57% dos eleitores não votariam nele de jeito nenhum, contra 40% que votariam. Bolsonaro tem 55% de rejeição e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), 56%. Mas o dado que mais fustiga o petista é que 66% são contra nova candidatura dele. Em dezembro, essa rejeição era de 52%.

Para Leonardo Barreto, sócio da consultoria Think Policy, apesar da piora da impopularidade de Lula, os levantamentos recentes de Quaest, Ipespe, Paraná Pesquisas e Atlas Intel, realizadas entre março e junho, indicam estabilidade. Isso se deve, segundo ele, o alívio nas perspectivas econômicas foram superadas pelo impacto negativo da crise do INSS.

Ele sublinha que caíram nas sondagens o percentual dos que veem piora nos preços de alimentos e combustíveis, o que ajuda Lula. Mas a crise do INSS sustou um recuo na impopularidade. “Na Quaest, 82% dizem saber do escândalo, pondo a responsabilidade em Lula (31%) e não em Bolsonaro (8%), como a narrativa oficial tenta emplacar”, diz.

Outra área de atenção para o governo, acrescenta Barreto, é o desequilíbrio em relação à percepção do noticiário: “ao Quaest, 51% disseram não ter ouvido nenhuma notícia positiva em relação ao governo. No caso das notícias negativas, 28% afirmaram ter ouvido sobre caso do INSS, corrupção e aumento de preços e inflação”.

Analistas veem fim de ciclo petista e economia como fator de popularidade

Outros analistas acreditam que apenas a melhora substantiva do ambiente econômico poderia reverter a perspectiva de quadro desfavorável para Lula em 2026, de modo a colocar a corrupção em segundo plano. Projeções para o custo de vida e as dificuldades fiscais do país não sinalizam a virada de humor do eleitorado almejada pelo governo.

Para o consultor de empresas Ismar Becker, o aumento da impopularidade de Lula e os desafios eleitorais na provável campanha em busca da reeleição sinalizam o encerramento de um longo período que ajudou a esquerda em disputas presidenciais, tendo o petista como fator de união e engajamento. “Assistimos à decadência de um ciclo político semelhante ao de outros”, atestou.

Entre os fatores que contribuem para o cenário desafiador para Lula e o PT, Becker aponta a perda de apoio das elites políticas e econômicas e a falta de novas lideranças do grupo político do presidente – e da esquerda em geral -capazes de ocupar o espaço que será deixado por ele. Por fim, pesa ainda a fadiga da imagem do político.

“Lula está cansado, sem paciência para o dia a dia da política. O presidente não tem maioria solida no Congresso, que avança sobre o Orçamento. Há ainda a repulsa do agronegócio e o afastamento dos liberais sociais e do setor financeiro que o ajudaram antes. Por fim, falta o sucessor, até porque ele nunca permitiu despontar um”, resume.

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