O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido de esquerda Europa Verde, de oposição à primeira-ministra Giorgia Meloni, afirmou nesta quarta-feira (4) que pediu ao governo da Itália que extradite para o Brasil a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que anunciou que pretende ir para o país europeu.
Em maio, Zambelli foi condenada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos e oito meses de prisão e perda do mandato por acusações de invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nesta semana, a deputada federal anunciou que deixou o Brasil e que pretende ir para a Itália, onde tem cidadania.
“Eles vão tentar me prender na Itália, mas eu não temo, porque sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda e aí não vai ser o [ministro do STF, Alexandre de] Moraes, vai ser a Justiça italiana, estou pagando para ver um dia desses”, afirmou a deputada em entrevista à CNN Brasil.
Em um vídeo no X, falando em português e com legendas em italiano, Bonelli disse que achou a declaração da deputada “uma vergonha”.
“Hoje, apresentei uma pergunta urgente ao governo italiano, ao ministro [Matteo] Piantedosi, do Interior, e ao ministro [Antonio] Tajani, das Relações Exteriores, para saber se o governo italiano pretende colaborar com o Brasil e a Interpol, implementando o acordo de cooperação judiciária entre Itália e Brasil em matéria de extradição”, disse o deputado.
🇮🇹Ex-deputada brasiliana Zambelli, condannata a 10 anni di prigione fugge dal Brasile e arriverà in Italia perché ha ottenuto la cittadinanza.
🇧🇷Ex-deputada brasileira Zambelli, condenada a 10 anos de prisão, foge do Brasil e chegará à Itália porque obteve cidadania. pic.twitter.com/SmeKt4VZEh
— Angelo Bonelli (@AngeloBonelli1) June 4, 2025
“Não se pode usar a cidadania italiana para escapar de uma condenação. A Itália, portanto, corre o risco de se tomar um paraíso para gente condenada. Aguardamos uma resposta clara do governo italiano em caso que pretenda extraditar Carla Zambelli para o Brasil”, afirmou Bonelli.
Depois, em entrevista à GloboNews, o deputado disse que espera que a afinidade ideológica entre a coalizão de Meloni e o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro, ao qual Zambelli é vinculada, não influencie na decisão do governo italiano.
“Minha preocupação é que a questão judiciária vá ficar uma questão política. Esse aqui é um grande problema. Para mim, a questão judiciária é uma questão judiciária. Pode ser direita, esquerda ou outro. Se tem uma condenação, uma decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil, essa tem que ficar corretamente aplicada”, afirmou.
Hoje, Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli e sua inclusão na lista vermelha da Interpol. O governo Meloni ainda não se pronunciou sobre o pedido de Bonelli.