O líder da direita nacionalista Geert Wilders anunciou nesta terça-feira (3) que seu partido, o PVV, está deixando a coalizão de governo da Holanda, no qual detinha a maioria e governava ao lado de outras três legendas de direita, devido a divergências no debate sobre novas restrições às políticas de asilo.
Em uma breve mensagem na rede social X, Wilders anunciou que “sem a modificação do acordo principal de governo, o PVV está deixando a coalizão”, referindo-se à sua demanda de que fosse adicionado ao acordo que formou o gabinete em julho do ano passado um anexo contendo um plano de dez pontos com uma série de ideias para restringir a chegada de requerentes de asilo à Holanda. Com isso, o país provavelmente deve passar por novas eleições nos próximos meses.
Este anexo foi divulgado por Wilders no último dia 26, acompanhado de ameaças de desmantelar o governo se não se alcançasse, em poucas semanas, a restrição ao acesso de refugiados, o fechamento das fronteiras para requerentes de asilo e o reforço da vigilância nas fronteiras com a participação do Exército.
Já no último domingo, o direitista aumentou ainda mais a pressão sobre seus parceiros ao afirmar no X que deixaria a coalizão – o PVV é o maior partido no gabinete – se os outros três grupos – o liberal VVD, os democratas-cristãos do NSC e o partido dos agricultores BBB – não apoiassem “a maioria” de suas propostas.
Devido a essa ameaça, os líderes dos quatro partidos se reuniram nessa segunda-feira para pedir explicações de Wilders sobre suas declarações.
A reunião durou pouco menos de uma hora, e seus três parceiros garantiram que não se oporiam aos planos de restrição de asilo, mas deixaram a responsabilidade de implementá-los mais rapidamente nas mãos da ministra de Asilo e Migração, Marjolein Faber.
Wilders disse que discorda dessa visão e que sua percepção é de que seus parceiros não estão dispostos a apoiar tais medidas, como o fechamento imediato das fronteiras.
Depois de passar a noite anterior pensando se o PVV permaneceria ou deixaria o gabinete, optou pela segunda opção nesta terça-feira, algo que já havia sugerido na véspera, quando comentou que “isso não parece bom” porque via “um problema sério” para seu partido.
Na manhã de hoje, às 9h (hora local, 4h de Brasília), os quatro parceiros se reuniram novamente, mas 15 minutos depois, Wilders escreveu no X que retiraria o PVV da coalizão.
O partido de Wilders venceu as eleições de novembro de 2023, tornando-se o maior partido da Holanda, com uma campanha eleitoral centrada em promessas de restringir o asilo e a imigração, mas sem assentos suficientes para governar sozinho.
Após vários meses de negociações, em julho de 2024, Wilders chegou a um acordo com três partidos de direita para formar um governo, sem que ele fosse primeiro-ministro ou ocupasse qualquer cargo específico no gabinete.
O governo foi formado com cinco ministros do PVV sob a liderança do primeiro-ministro Dick Schoof, um funcionário público de carreira sem filiação política.
