O anúncio do presidente Donald Trump sobre o desenvolvimento do Domo Dourado, um escudo de defesa antimísseis “de última geração” planejado pelos EUA, gerou notória preocupação de outras potências nucleares, como China e Rússia.
Pequim rapidamente se pronunciou sobre a construção do megaempreendimento, pedindo a suspensão do projeto americano devido ao risco de provocar uma nova corrida armamentista.
“Este plano visa criar um sistema de defesa sem quaisquer restrições. Propõe abertamente aumentar a pesquisa, o desenvolvimento e a implantação de todos os tipos de sistemas para interceptar mísseis, o que aumentará o risco de uma corrida armamentista”, disse um porta-voz do regime de Xi Jinping no dia seguinte ao anúncio de Trump, na quarta-feira passada.
Na mesma linha, a Rússia apelou pela “retomada do diálogo” sobre segurança estratégica com Washington.
“Ainda não há detalhes sobre este projeto. É claro que, em um futuro próximo, o próprio desenvolvimento dos eventos exigirá a retomada dos contatos sobre questões de estabilidade estratégica”, afirmou o porta-voz do Kremlin russo, Dmitry Peskov.
Trump anunciou o projeto pela primeira vez em março, durante um longo discurso no Congresso, no qual apelou aos deputados e senadores que aprovassem o financiamento do sistema “de última geração criado para proteger a pátria”.
O que é o “Domo Dourado”, megaprojeto de defesa do governo Trump
O Domo Dourado (Golden Dome, em inglês) é um sistema de mísseis avançado dos EUA, inspirado no Domo de Ferro de Israel, que também contou com a ajuda dos americanos em seu desenvolvimento e se tornou operacional em 2011.
Segundo informado por Trump, o projeto custará aproximadamente US$ 175 bilhões e deverá estar concluído no final de seu mandato, em 2029. O presidente escolheu o general Michael Guetlein, da Força Espacial americana como coordenador do programa.
“Ele deverá estar totalmente operacional antes do final do meu mandato, portanto, estará pronto em cerca de três anos. Uma vez construído, ele será capaz de interceptar mísseis mesmo que sejam lançados de outras partes do mundo e do espaço”, disse o presidente na terça-feira passada.
De acordo com o governo, o sistema utilizará uma rede de centenas de satélites ao redor da Terra com capacidade de identificar e derrubar ameaças de países como China, Irã, Coreia do Norte e Rússia.
Os desenvolvedores do Domo Dourado estudam formas do sistema destruir mísseis, seja com o uso de um interceptador ou laser, antes que entrem na rota do alvo no espaço. Além desse bloqueio inicial, outra camada defensiva será construída nos EUA ou em territórios vizinhos. O Canadá manifestou interesse em aderir ao projeto.
Trump destacou em seu pronunciamento na terça-feira que o Domo Dourado será mais avançado que o Domo de Ferro de Israel. “Ajudamos eles [Israel] a construir o sistema deles. Agora, temos uma tecnologia muito mais avançada”, afirmou o presidente na ocasião.
Uma das principais diferenças dos dois sistemas é sua amplitude. O Domo de Ferro de Israel cobre uma área com tamanho próximo a do estado americano de New Jersey, já o megaempreendimento de Trump precisará proteger um território mais de 400 vezes maior.
O Pentágono vem alertando há anos os governantes americanos que os mísseis mais recentes desenvolvidos pela China e pela Rússia são tão avançados que exigem uma atualização das contramedidas existentes.
O financiamento do sistema de mísseis americanos ainda é incerto. A empresa de foguetes e satélites SpaceX, de Elon Musk, surge como uma das possíveis aliadas do projeto do governo federal.