Volta e meia viraliza novamente um estudo da Universidade de Pequim, que afirmaria que o núcleo do planeta Terra, localizado 5 mil quilômetros abaixo da superfície, parou de girar, e então recomeçou a rodar na direção oposta.
Há quem evoque a pesquisa como presságio de um eminente cataclisma terrestre, mas, segundo especialistas, não há motivo para se preocupar – pelo menos por enquanto.
Publicado em 2023 na revista Nature Geoscience, o estudo chinês indica, na verdade, que a rotação do núcleo interno da Terra tem sofrido uma desaceleração nos últimos quinze anos. Os dados foram obtidos a partir da análise de 120 terremotos ocorridos em uma mesma região, no intervalo de três décadas.
A conclusão foi de que, desde 2009, os registros sísmicos apresentaram pouca variação — o que, segundo os pesquisadores, mostra que o núcleo tem lentamente diminuído a velocidade de sua rotação em relação ao resto do planeta, algo que já aconteceu antes e deve se repetir.
“É um ciclo natural. Acreditamos que esse é um movimento que acontece a cada 70 anos, em que o núcleo começa a desacelerar e, muitas vezes, começa a girar na direção oposta, sem causar grandes mudanças para os habitantes da Terra. Mas, como tudo relacionado ao tema, não podemos ter certeza de nada concreto, pois esse ainda é um campo pouco conhecido pela ciência”, afirmou o professor de Física Teórica da Universidade de Nova York, Michio Kaku, em entrevista ao canal de televisão CNN.
“A bem da verdade é que sabemos mais sobre Marte do que sobre o núcleo do planeta em que vivemos. A Terra é dinâmica, em constante mudança e transformação. Pegue como exemplo o afastamento dos continentes: não sabemos o porquê. Então qualquer informação, como a obtida pelos chineses, é importante e nos faz aprender mais, mas provavelmente não há nada com o que se preocupar”, refletiu Kaku.
Apesar das diferentes análises sobre o tema, há consenso na comunidade acadêmica de que o fenômeno é real, pode ser comprovado com análises sísmicas, e que o núcleo não parou de girar – mas caso inverta sua rotação, isso provavelmente não será inédito nem deverá afetar a vida na Terra.