O governo dos Estados Unidos elevou nesta terça-feira (27) para o nível máximo seu alerta sobre viagens de cidadãos americanos para a Venezuela. Em resposta, Caracas também emitiu uma recomendação para que venezuelanos evitem viagens ao território americano.
Em nota, o Departamento de Estado dos Estados Unidos atribuiu à Venezuela o nível mais alto do seu Alerta de Viagem (nível 4: não viajar), “devido aos graves riscos, incluindo detenção injusta, tortura em detenção, terrorismo, sequestro, práticas injustas de aplicação da lei, crimes violentos, distúrbios civis e assistência médica inadequada”.
“Embaixadas dos EUA em países que fazem fronteira com a Venezuela, bem como países com ligações aéreas diretas com a Venezuela, emitiram alertas de segurança destacando esses riscos”, acrescentou a pasta.
“Atualmente, mais cidadãos americanos estão detidos injustamente na Venezuela do que em qualquer outro país. As forças de segurança venezuelanas detiveram cidadãos americanos por até cinco anos sem respeito ao devido processo legal, em condições severas — incluindo tortura — frequentemente com base apenas em sua nacionalidade americana ou passaporte americano”, informou o Departamento de Estado.
A pasta alertou que não há embaixada ou consulado dos Estados Unidos na Venezuela e que as autoridades da ditadura de Nicolás Maduro “não notificam o governo dos EUA quando cidadãos americanos são detidos, nem permitem que autoridades americanas os visitem”.
“Os detidos são frequentemente impedidos de ter acesso a familiares e aconselhamento jurídico. Os Estados Unidos não podem fornecer assistência consular de rotina ou emergencial a cidadãos americanos na Venezuela”, destacou o Departamento de Estado, que recomendou que todos os cidadãos americanos que estejam no país caribenho “saiam imediatamente”.
Pouco após a publicação da nota do governo americano, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil Pinto, divulgou na sua conta no Telegram um comunicado orientando para que cidadãos venezuelanos não viajem aos Estados Unidos e para os que já estejam em solo americano deixem o país.
O chanceler chavista citou as recentes deportações de venezuelanos realizadas pelo governo Trump, inclusive para uma prisão de segurança máxima em El Salvador.
“Este alerta está sendo emitido porque hoje os venezuelanos nos EUA são vítimas de um padrão sistemático de violações de direitos humanos. Eles estão sendo detidos arbitrariamente, separados de suas famílias e transferidos para campos de concentração em países terceiros. Isto constitui uma prática inaceitável que faz lembrar os piores capítulos da história contemporânea”, escreveu Gil.
“Soma-se a isso o uso da chantagem migratória e a criminalização da nossa nacionalidade, na mais cruel operação xenófoba conhecida no nosso continente, promovida por forças de extrema direita venezuelanas e norte-americanas”, acrescentou o chanceler.
Na semana passada, o ex-militar americano Joseph St. Clair, veterano da Força Aérea dos Estados Unidos que estava preso na Venezuela desde novembro de 2024, foi libertado e voltou para o país natal. No final de janeiro, o regime chavista já havia libertado seis cidadãos americanos.
Segundo a ONG Foro Penal, há pelo menos outros quatro cidadãos dos Estados Unidos que seguem como presos políticos na Venezuela.