A primeira-dama Janja da Silva comentou nesta quarta-feira (14) a repercussão de uma fala sua sobre o TikTok, que teria causado um “constrangimento” durante uma reunião com o ditador chinês Xi Jinping. Janja teria reclamado, diretamente a Xi Jinping, que o algoritmo da plataforma chinesa favorece conteúdos da direita. O líder chinês teria respondido dizendo que o Brasil tem o direito de regular ou banir o TikTok.
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Em entrevista à CNN Brasil, a primeira-dama afirmou ter sido “vítima de machismo”, após o vazamento das declarações dela. “Vejo machismo e misoginia da parte de quem presenciou a reunião e repassou de maneira distorcida o que aconteceu. E vejo a amplificação da misoginia por parte da imprensa, e me entristece que essa amplificação tenha o engajamento de mulheres”, disse a primeira-dama.
O suposto climão foi divulgado pelos jornalistas Andréia Sadi e Valdo Cruz no portal g1, que ouviram ministros presentes no encontro. Os membros da comitiva presidencial teriam relatado que o comentário de Janja gerou um constragimento com Xi e a primeira-dama da China, Peng Liyuan.
O episódio causou desconforto dentro do governo federal.Ao ser questionado pelo assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se irritou e perguntou quem da sua equipe “teve a pachorra” de vazar informações confidenciais da reunião.
“Primeira coisa que eu acho estranho é como essa pergunta chegou à imprensa, porque estavam só meus ministros lá. Então, alguém teve a pachorra de ligar para alguém e contar uma conversa que aconteceu durante o jantar — algo muito, muito confidencial e pessoal”, declarou Lula aos jornalistas em Pequim.
Lula ainda disse que Xi Jinping mandará um representante ao Brasil para debater a regulamentação das plataformas digitais.
“Eu perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para discutir a questão digital, sobretudo o TikTok”, afirmou. Lula confirmou que a primeira-dama pediu a palavra durante a reunião, mas, segundo ele, foi apenas para comentar sobre o avanço de crimes digitais contra mulheres e crianças.
“A Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, sobretudo contra mulheres e crianças. Foi só isso. E ele disse que o Brasil tem direito de fazer a regulamentação”, emendou o petista. Contrariado, o presidente destacou que Janja “não é uma cidadã de segunda classe”, defendeu o direito dela de se manifestar na agenda e negou qualquer constrangimento com o ditador chinês.
As controvérsias e gafes de Janja
Essa não é a primeira vez que a atuação de Janja no governo é alvo de controvérsia. Em novembro de 2024, a primeira-dama xingou o bilionário Elon Musk, dono do X, durante o G20 Social. Ela defendia a regulamentação das redes sociais quando o sinal sonoro de um navio a interrompeu.
Janja tentou fazer uma piada e afirmou: “Deve ser o Elon Musk”. Em seguida, disse não ter medo do empresário e emendou a frase: “F* you, Elon Musk”. Ainda durante o evento, ela comentou sobre a morte de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes, em novomenro do ano passado, afirmado que o “bestão acabou se matando com fogo de artifício”.
Em agosto de 2024, Janja confundiu o Tribunal comandado pelo ministro Herman Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Meu querido ministro Herman Benjamin, do STF [Supremo Tribunal Federal]. Infelizmente, não pude estar na sua posse [como presidente do STJ], mas desejo uma excelente condução do Supremo Tribunal de Justiça”, disse durante um evento de posse de juízes federais, em São Paulo.
No início de 2023, Lula e Janja insinuaram que 261 móveis teriam sido supostamente levados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela ex-primeira-dama Michelle no fim de 2022. O governo gastou mais de R$ 379 mil com móveis para a residência oficial sem licitação.
No entanto, em março de 2024, uma auditoria do próprio governo localizou os móveis em “dependências diversas da residência oficial”. Em setembro de 2024, o governo Lula foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil ao casal Bolsonaro no caso dos móveis “desaparecidos”.