A ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015), cuja condenação a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para ocupar cargos públicos foi confirmada em instância final pela Suprema Corte do país nesta terça-feira (10), fez um duro discurso contra o tribunal e o atual mandatário argentino, Javier Milei.
Segundo informações do jornal Clarín, em um pronunciamento na sede do peronista Partido Justicialista (PJ), em Buenos Aires, Kirchner fez uma ironia e disse que “este caso tem um cronograma eleitoral maravilhoso”.
Na semana passada, Kirchner havia anunciado que seria candidata a deputada provincial pelo terceiro distrito eleitoral da província de Buenos Aires nas eleições de 7 de setembro – candidatura que agora, pela pena de inabilitação para ocupar cargos públicos, fica inviabilizada.
A respeito dos três juízes da Suprema Corte que mantiveram de forma unânime sua condenação, Kirchner os chamou de “três fantoches que respondem a líderes naturais muito acima deles”.
“É um triunvirato que executa ordens de cima, não nos enganemos”, acusou.
A exemplo do que havia dito numa reunião na sede do PJ na segunda-feira (9), Kirchner afirmou que “estar preso é um atestado de dignidade” e voltou a criticar o governo Milei.
“Podem me prender, mas os aposentados não vão conseguir pagar as contas no fim do mês e os remédios estão cada vez mais caros”, afirmou.
No final de 2022, Kirchner havia sido condenada por um tribunal argentino pelo chamado caso Vialidad, devido a um esquema de desvios de recursos de obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo.
Em novembro do ano passado, a Câmara Federal de Cassação ratificou a sentença. Agora, o caso foi analisado em última instância pela Suprema Corte argentina.
Ainda não se sabe como Kirchner cumprirá a pena. Como a ex-presidente tem mais de 70 anos (sua idade é 72 anos), sua defesa poderá solicitar prisão domiciliar.
Nesta terça-feira, Jorge Gorini, presidente do Segundo Tribunal Federal Oral (TOF 2), onde Kirchner e os outros réus do caso foram condenados em primeira instância (e que é o juizado executor da sentença, já que recursos foram negados em tribunais superiores), determinou que eles devem comparecer à Justiça Federal de Buenos Aires dentro de cinco dias úteis para que suas sentenças comecem a ser cumpridas. Entretanto, o Ministério Público solicitou que as prisões sejam realizadas imediatamente.