Em encontro realizado em Kyiv, neste sábado (10), líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Polônia apoiaram a proposta do presidente americano Donald Trump e exigiram que o ditador Vladimir Putin aceite um cessar-fogo completo na Ucrânia até a próxima segunda-feira (12) para que seu país não sofra novas sanções. Segundo o premiê britânico Keir Starmer essa é a maior demonstração internacional até o momento de união para pressionar por uma trégua incondicional.
Keir Starmer, Emmanuel Macron (presidente da França), Friedrich Mertz (Chanceler da Alemanha) e Donald Tusk (premiê da Polônia) se reuniram com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky neste sábado (10). Eles telefonaram da capital ucraniana Kyiv para o presidente Trump. Esta foi a primeira vez que líderes dos quatro países viajaram juntos ao país aliado.
Antes de pousarem na capital ucraniana, os líderes europeus publicaram uma declaração conjunta onde apelam para o cessar-fogo imediato de 30 dias, proposto pelos Estados Unidos e aceito pela Ucrânia.
“Estamos prontos para apoiar as negociações de paz o mais rápido possível, para discutir a implementação técnica do cessar-fogo e nos preparar para um acordo de paz completo”, disseram os líderes.
No comunicado, eles acrescentam que “aumentarão a pressão” sobre a Rússia até que Putin concorde com um cessar-fogo duradouro.
Após o encontro, os cinco líderes fizeram uma videochamada com o presidente americano, Donald Trump, que até o momento não comentou publicamente o encontro entre os cinco líderes.
Na última sexta-feira (9), o republicano, em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca, enviou uma mensagem a Rússia e Ucrânia: “Tenho uma mensagem para ambos os lados: acabem com essa guerra”.
Ele afirmou que 5 mil soldados morrem toda semana: “soldados russos e ucranianos, e outras pessoas também”.
Macron: “A história está nos observando”
Antes de pousar em solo ucraniano, o presidente francês, Emmanuel Macron compartilhou uma postagem no X, onde afirmou que a resposta contra a Rússia “deve ser coletiva”.
Na publicação, ele também compartilha três mensagens principais:
“Primeiro, a paz. Uma paz justa e duradoura começa com um cessar-fogo completo e incondicional”.
Em seguida, “o acordo de paz a ser construído deve garantir sua segurança”.
“Finalmente, o futuro”, diz Macron, “uma Ucrânia livre, forte, próspera e europeia: essa é a nossa visão”.
“A história está nos observando”, conclui.
Macron desembarcou na Ucrânia junto do primeiro-ministro britânico Keir Starmer e chanceler alemão Friedrich Merz. Já em Kyiv, o líder francês afirmou que existe uma unanimidade entre cerca de 20 países sobre uma proposta de cessar-fogo, e que segue aguardando uma resposta russa.
Para Macron, nos dias atuais, a Ucrânia é “o coração pulsante da Europa” e declarou que sua principal razão em apoiar Zelensky é “o futuro dos nossos princípios e da segurança coletiva”.
Starmer: “Todos nós estamos desafiando Putin”.
Enfático contra Putin, Starmer afirmou que a viagem dos quatro líderes à Ucrânia e o movimento de apoio aos ucranianos representa “a Europa se manifestando” e pediu sanções contra a Rússia em caso de uma negativa para a paz.
“Todos nós aqui, junto com os EUA, estamos desafiando Putin”, disse. Ele acrescenta ainda dizendo que se o líder russo está “levando a sério a paz”, ele, agora, tem mais uma oportunidade de demonstrar, fazendo alusão a pausa do Dia da Vitória na Europa, que poderia ser convertida em uma trégua incondicional de 30 dias. “Sem ‘sem’, nem ‘mas’”, afirmou.
“Há apenas um país que iniciou esse conflito ilegal, que foi a Rússia, e há apenas um país que está entre a paz, que é a Rússia”, disse.
Merz: Alemanha seguirá “aumentando a pressão sobre a máquina de guerra da Rússia”.
Pela primeira vez na Ucrânia desde que se tornou chanceler alemão, Friedrich Merz também alinhou os discursos a pedidos direcionados à Putin, para que acene à paz, aceitando inicialmente a trégua de 30 dias proposta pelos americanos.
Merz afirmou que quase todos os membros da coalização dos dispostos (grupo dos países europeus que apoiam a Ucrânia) estão comprometidos a impor sanções à Rússia.
Antes de viajar para Kyiv, ele havia publicado que a Alemanha seguirá “aumentando a pressão sobre a máquina de guerra da Rússia”.
“Reafirmamos nosso apoio ao apelo do Presidente Trump por um acordo de paz. A Rússia é chamada a parar de atrapalhar os esforços para alcançar uma paz duradoura”.
Tusk: “A Rússia está esperando que as sanções sejam suspensas”
Seguindo os mesmos pedidos para um cessar fogo imediato, o líder polonês foi enfático ao afirmar, mais de uma vez, que as sanções impostas contra a Rússia estão dando frutos.
“Se não fossem as sanções, a situação seria comparativamente pior. A Rússia está esperando ativamente que as sanções sejam suspensas”, afirmou.
Tusk seguiu na linha de que a Rússia reiteradamente recusa um cessar-fogo e vira as costas para a paz e definiu como “simbólico” o fato de Zelensky ter aceito o cessar-fogo mesmo após tantos bombardeios sofridos.
Após a reunião, ele publicou no X uma foto dos cinco líderes em uma videochamada com o presidente americano, Donald Trump.
Kremlin: Declarações de líderes europeus tem carácter “confrontacional””
Em resposta às declarações dos líderes europeus em solo ucraniano, o Kremlin afirmou que as afirmações são “contraditórias” e tem carácter “confrontacional”.
“Ouvimos muitas declarações contraditórias da Europa. Geralmente, são de natureza confrontacional, em vez de tentar reavivar nossas relações. Nada mais”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
A Rússia havia se posicionado a favor do cessar-fogo de 30 dias proposto pelos americanos mas com a consideração de “nuances”. Na última sexta-feira (9), Peskov também afirmou que o tema já havia sido apresentado pelos ucranianos.
“Este tema foi apresentado há muito tempo pelo lado ucraniano…”, disse Peskov, segundo a agência de notícias TASS.
“E assim que foi apresentado pelo governo americano de Donald Trump, foi apoiado pelo presidente Vladimir Putin, com a ressalva de que é muito difícil discutir isso em detalhes se não forem encontradas respostas para um grande número de nuances em torno da noção de cessar-fogo”.