O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça (3) a possibilidade do governo dos Estados Unidos impor qualquer sanção a membros do Judiciário brasileiro por causa de decisões tomadas pelos seus ministros. Ele ainda criticou a atuação que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está fazendo no país contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
A crítica foi feita durante uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto em que Lula respondeu sobre a possibilidade do ministro Alexandre de Moraes sofrer alguma restrição do governo norte-americano por decisões tomadas principalmente em relação às redes sociais e membros da direita, como vem fazendo nos últimos anos.
“É inadmissível que um presidente de qualquer país do mundo dê palpite sobre a decisão da Suprema Corte de outro país. Se você concorda ou não, silencie, porque não é correto você dar palpite ou ficar julgando as pessoas. […] Eu acho que os Estados Unidos têm que, apenas, compreender que respeito à integridade das instituições de outros países é muito importante”, disparou Lula afirmando que ele próprio já teve o visto americano suspenso, no passado.
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Isso porque, recentemente, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que “há grande possibilidade” de Moraes sofrer sanções com base na Lei Magnitsky. Na semana passada, veio à tona a informação de que o ministro também foi repreendido pelo Departamento de Justiça norte-americano pelas ordens judiciais brasileiras que determinaram bloqueios a redes sociais sediadas lá.
“Um país não pode ficar se intrometendo na vida do outro querendo punir um outro país, isso não tem cabimento. […] Como eu gosto de respeitar, eu gosto de ser respeitado. O Brasil vai defender não só o seu ministro, mas como a Suprema Corte”, emendou o presidente.
Lula seguiu nas críticas e considerou como “lamentável” a atuação de Eduardo Bolsonaro com interlocutores do governo dos Estados Unidos para aplicar sanções a Moraes.
“É lamentável que um deputado brasileiro, filho do ex-presidente, está lá a convocar os Estados Unidos para se meter na política interna do Brasil. É isso que é grave, que é uma prática terrorista, que é antipatriótica, que pede licença para ir ficar tentando lamber as botas do [presidente Donald] Trump e de assessor do Trump pedindo intervenção na política brasileira. Não é possível aceitar isso”, disparou Lula.
O petista foi além e estendeu as críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que ele levantava dúvidas sobre os próprios votos nas eleições, mas não aos recebidos pelo filho, pelos senadores do seu partido.
“É preciso que haja um mínimo de bom senso. Se essa gente pensa que vai ganhar a consciência da sociedade com mentira, é um ledo engano. Nós temos consciência de que a verdade precisa vencer na sua disputa política, para que a gente não veja acontecer o que está acontecendo nos outros países”, completou.
Ainda durante a coletiva, Lula afirmou que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, por exemplo, segue em negociação no âmbito diplomático e que, se não houver uma saída, irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e não descarta adotar a reciprocidade na adoção de sobretaxas.