O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta (29) que a demora para avançar com a reforma agrária neste terceiro mandato se deu por culpa da situação deixada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que ele classificou como “totalmente desorganizado”.
A justificativa foi feita durante a cerimônia de entrega de um assentamento na cidade de Ortigueira, no Paraná, pelo programa “Terra da Gente”, criado no ano passado como uma espécie de “prateleira de terras” para conter as invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
No entanto, mesmo com o programa, o grupo intensificou recentemente as críticas ao ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, que estaria demorando a avançar com a reforma agrária.
“Demorou um pouco porque o Incra estava totalmente desorganizado. Quando nós voltamos agora no governo, o governo que nós pegamos estava muito pior. Se construiu um gabinete do ódio para contar mentira durante quatro anos de mandato”, disparou o presidente durante o discurso.
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Lula não citou diretamente as críticas do MST a Teixeira, mas ressaltou que ele está fazendo o que é possível para cumprir a promessa de assentar pelo menos 60 mil famílias até o fim do mandato. O próprio ministro, um pouco antes, justificou afirmando que já entregou 15 mil neste ano, e deve dobrar até dezembro.
“Já cadastramos 125 mil pessoas morando em acampamentos, e, durante o governo do presidente, nos comprometemos a resolver no mínimo 60 mil famílias. Nesse fim de maio e junho, a meta deste ano é 30 mil, e terminamos maio com 15 mil, e esse é o piso do nosso trabalho”, disse o ministro durante o evento criticando o Congresso por supostamente “se apropriar” do orçamento que poderia ser destinado à reforma agrária através das emendas parlamentares.
Apesar de justificar a demora com números e metas, Teixeira foi cobrado por Lula para tentar avançar mais na reforma agrária. “A máquina pública é preparada para dizer ‘não’, quando seria pelo menos mais decente dizer ‘vamos tentar fazer’, seria muito mais fácil e muito mais respeitoso”. E é isso, Paulinho, que eu quero que a gente faça no Ministério do Desenvolvimento Agrário”, pontuou o presidente.
Ainda durante o discurso, Lula agradeceu aos integrantes do MST que participaram da vigília nos 580 dias em que esteve preso em Curitiba.
O assentamento entregue nesta quinta (29) foi invadido pelo MST em 2003, ainda no primeiro mandato do petista, por 1,6 mil pessoas que já produzem no local agora desapropriado para a reforma agrária. Integrantes do movimento, no entanto, evitaram fazer críticas no ato e prometeram manter o apoio a ele para a reeleição em 2026.
A cerimônia teve também a presença de ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), entre outros.
Messias afirmou que a propriedade invadida pelo MST em 2003 estava “degradada” assim como Lula encontrou o país quando assumiu o terceiro mandato em 2023.
