O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu publicamente a extinção do G7, o grupo formado pelas sete maiores economias do mundo, em favor do G20, que considera mais representativo tanto pela economia como pela atual geopolítica mundial.
A declaração foi feita nesta segunda (17) ao chegar em Calgary, no Canadá, onde participará da cúpula do G7 como convidado nesta terça (17). Para ele, o grupo já não tem mais “necessidade de existir”.
“Acho que o G7, no fundo, no fundo, não há nem necessidade de existir o G7. O G20 é mais representante. O G20 eu acho que tem mais importância, tem mais densidade humana, tem mais densidade econômica”, afirmou.
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Lula afirmou que o G7 representa apenas os “primos ricos” e destacou que só comparece às reuniões desde seu primeiro mandato, em 2003, “para não dizer que recusa a festa dos ricos”. O bloco, criado em 1975, reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da União Europeia como observadora.
O petista também defendeu o retorno da Rússia ao grupo, país suspenso desde 2014 após a anexação da Crimeia. Lula é aliado de Vladimir Putin e esteve em Moscou em maio, onde foi recebido com honras para participar da cerimônia dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.
“[O G7] existe desde 1975, desde a Crise do Petróleo. São os primos ricos que se reúnem. Eles não querem parar de se reunir, mas eles estão no G20”, reforçou.
A cúpula no Canadá reúne, além dos países membros, líderes convidados de nações como Brasil, México, Índia, África do Sul, Austrália, Arábia Saudita e Ucrânia, refletindo a tentativa do G7 de ampliar o diálogo com economias emergentes e outros atores relevantes no cenário global.
A Ucrânia será representada pelo próprio presidente Volodymyr Zenensky que, após diversas tentativas, conseguiu marcar uma reunião bilateral com Lula no final da tarde desta terça (17). Ambos estão com uma relação estremecida por conta da proximidade do petista com o russo.
Além de Zelensky, Lula também terá reuniões com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, e com o chanceler alemão Friedrich Merz.
Questionado sobre a escalada da tensão entre Israel e Irã, Lula evitou comentar diretamente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de antecipar sua volta a Washington e ordenar a evacuação da embaixada em Teerã. Entretanto, reforçou seu posicionamento contrário a conflitos.
“Qualquer conflito me preocupa. Sou um homem que nasceu para a paz. Em um momento em que o mundo precisa de muito recurso para a transição energética e para combater a miséria, ver dinheiro sendo gasto em conflito me incomoda profundamente. É isso que quero falar um pouco amanhã [terça, 17]”, disse.