O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou públicos nesta terça-feira (3) os vídeos dos depoimentos das 52 testemunhas de defesa e acusação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus do “núcleo crucial” da suposta tentativa de golpe de Estado.
As gravações mostram o momento em que o ministro Alexandre de Moraes ameaça prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato, o puxão de orelha no ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes e o embate com os advogados.
Rebelo foi convocado pela defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, que teria colocado a Força “à disposição” de Bolsonaro para uma ruptura institucional, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). Na oitiva, o ex-ministro deu exemplos de expressões comuns da língua portuguesa e apontou que algumas não devem ser lidas de forma literal.
“Quando alguém diz ‘estou frito’, não significa que esteja dentro de uma frigideira. Quando alguém diz ‘estou apertado’, não significa naturalmente que esteja sendo submetido a algum tipo de pressão literal. Então quando alguém diz ‘estou à disposição’, a expressão não deve ser lida literalmente”, disse Aldo Rebelo.
Moraes interrompeu e perguntou se ele estava presente na reunião onde o suposto plano de golpe teria sido discutido, diante da negativa de Rebelo, o ministro disse que ele que deveria se ater aos fatos. O ex-ministro rebateu e disse que não admitiria censura à sua “apreciação sobre a língua portuguesa”.
“Se o senhor não se comportar, o senhor vai ser preso por desacato”, emendou Moraes.
“Eu estou me comportando”, retrucou Rebelo.
“Então, o senhor se comporte e responda a pergunta”, afirmou o ministro, alertando que a testemunha deve falar sobre fatos concretos e não pode “dar o seu valor” à questão com “conjecturas fora da realidade”. Veja abaixo o momento da discussão: