A ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua exige dinheiro de congregações religiosas para que não sejam fechadas, denunciou a advogada e ativista de direitos humanos Martha Patricia Molina, que monitora a perseguição aos cristãos no país centro-americano.
Molina falou sobre o assunto em entrevista ao site argentino Infobae, que publicou uma reportagem a respeito da acusação nesta quinta-feira (15).
“Sabemos que isso está acontecendo com congregações religiosas, mas é bem provável que seja uma prática comum com outras organizações civis que ainda atuam na Nicarágua”, disse a advogada.
As cobranças seriam uma chantagem para evitar a dissolução dessas congregações na Nicarágua ou para que possam continuar utilizando suas próprias propriedades.
O Infobae confirmou com um padre da Arquidiocese de Manágua que as Irmãs Franciscanas Clarissas foram alvo da extorsão: para que permanecessem nas suas sedes na Nicarágua, a ditadura sandinista teria exigido US$ 1 mil por mês para cada manzana (medida comum nos países da América Latina onde se fala espanhol, equivalente a 7 mil metros quadrados) de propriedade.
“Como o mosteiro de Chiquilistagua, que é o caso que eu conheço, tem cinco manzanas, eles [sandinistas] pediram US$ 5 mil por mês. As irmãs não conseguiram pagar e tiveram que ir embora. Agora estão em Granada”, disse o padre, que pediu para não ser identificado.
O status legal das Irmãs Franciscanas Clarissas na Nicarágua foi revogado pelo regime sandinista em maio de 2023. Pelo menos 15 propriedades de entidades ligadas à Igreja Católica no país foram confiscadas nos últimos dois anos.
Ortega intensificou a perseguição contra cristãos no país nos últimos anos, com prisões e expulsões de religiosos, fechamento de instituições católicas e protestantes e proibição de atos religiosos em vias públicas, devido ao apoio da Igreja às manifestações pró-democracia de 2018. O regime sandinista não se pronunciou ainda sobre a reportagem do Infobae.