Cidades
Draga Galileo Galilei será usada em obra do engordamento da orla de Itapoá

Investimento de R$ 324 milhões permitirá ampliar a profundidade do canal de acesso aos portos de São Francisco do Sul e Itapoá, além de usar milhões de metros cúbicos de sedimentos para recuperar 8 quilômetros da praia itapoaense — projeto inédito no Brasil.
A draga Galileo Galilei, considerada uma das mais modernas do mundo e conhecida no Brasil pela obra de alargamento da Praia Central de Balneário Camboriú, retornará ao litoral catarinense. A embarcação será responsável pela dragagem da Baía Babitonga, operação que permitirá a entrada de navios de maior porte no complexo portuário formado pelos portos de São Francisco do Sul e Itapoá.
O projeto, orçado em R$ 324 milhões, inclui ainda uma inovação inédita no país: metade dos sedimentos retirados do fundo do mar será destinada ao engordamento da orla de Itapoá, que sofre há anos com a erosão costeira. Estima-se que cerca de 12,5 milhões de metros cúbicos de areia sejam dragados, dos quais aproximadamente 6 milhões irão diretamente para recuperar 8 quilômetros da faixa de areia da praia.
Tecnologia de ponta a serviço da infraestrutura
Construída em 2020 na China, a Galileo Galilei mede 166 metros de comprimento, possui capacidade de cisterna de 18 mil m³ e acomoda até 32 tripulantes. A embarcação é uma draga de sucção com autotransporte, o que significa que consegue coletar, armazenar e transportar grandes volumes de sedimentos sem apoio externo.
O processo ocorre por meio de um tubo de sucção que atinge o fundo marinho, bombeando a mistura de areia e água para o hopper — compartimento interno semelhante a um porão. Quando atinge a carga máxima, o navio se desloca até o ponto de destino, onde o material pode ser liberado no mar ou bombeado diretamente para a praia.
A tecnologia foi testada em diferentes cenários no Brasil e no mundo. Em Santa Catarina, ganhou projeção nacional ao ser utilizada no alargamento da praia de Balneário Camboriú, em 2021, quando a faixa de areia foi expandida de 25 para 70 metros em média.
Impactos estratégicos para o comércio exterior
O aprofundamento do canal de acesso da Baía Babitonga de 14 para 16 metros é considerado um passo fundamental para a competitividade logística do Estado. Com a nova profundidade, os portos de São Francisco e Itapoá poderão receber navios de grande porte, como os New Panamax, com capacidade superior a 12 mil contêineres (TEUs).
“Esse investimento coloca o sistema portuário catarinense em outro patamar, permitindo reduzir custos operacionais e ampliar a atratividade do complexo para novas rotas internacionais”, afirmou o diretor de Operações do Porto de São Francisco do Sul, Guilherme Medeiros.
Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), Santa Catarina já responde por cerca de 20% da movimentação de contêineres do país. A expectativa é que a ampliação da Baía Babitonga fortaleça ainda mais essa participação.
Recuperação costeira e inovação ambiental
O aproveitamento dos sedimentos dragados para o engordamento da praia de Itapoá é apontado por especialistas como uma solução inovadora, que une ganho logístico e benefício ambiental. “A erosão costeira é um problema crescente em todo o litoral brasileiro. Usar esse material para alargar praias é uma forma de transformar um resíduo da obra em uma ação positiva para o meio ambiente e para o turismo”, destacou o oceanógrafo Paulo Henrique Dantas, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
De acordo com o Porto de São Francisco, será a primeira vez no Brasil que os sedimentos de uma dragagem portuária terão como destino direto o alargamento de uma praia. O modelo já é adotado em países como Holanda e Bélgica, referências globais em engenharia costeira.
Comparativo com Balneário Camboriú
Embora Balneário Camboriú tenha ganhado projeção internacional após a obra de alargamento, a intervenção em Itapoá será ainda maior em extensão: 8 quilômetros de orla contra 5,8 quilômetros na cidade vizinha. A diferença, no entanto, está nos objetivos.
Enquanto em Balneário Camboriú o foco principal foi o turismo, em Itapoá a obra combina metas econômicas, ambientais e sociais, já que amplia a capacidade portuária, combate a erosão costeira e fortalece o setor turístico.
Prazos e próximos passos

Mapa do alargamento em Itapoá (foto: Divulgação)
A dragagem deve começar até o final de 2025, com previsão de conclusão para o segundo semestre de 2026. O cronograma poderá ser antecipado caso as condicionantes ambientais da licença de instalação sejam atendidas.
Após a conclusão, a expectativa é de que o projeto se torne referência nacional e abra caminho para que dragagens futuras em outros portos brasileiros adotem o mesmo modelo. “Estamos diante da maior obra de engordamento de praia já realizada no país, em extensão. A tendência é que essa experiência sirva de exemplo para o Brasil inteiro”.
Linha do tempo – Dragagem da Baía Babitonga e alargamento da orla de Itapoá
📌 2024 – Portos de São Francisco do Sul e Itapoá firmam parceria para viabilizar a dragagem da Baía Babitonga, com investimento de R$ 324 milhões.
📌 Início de 2025 – Publicação das condicionantes ambientais para liberação da licença de instalação da obra.
📌 Final de 2025 – Previsão de início das operações da Galileo Galilei na Baía Babitonga.
➡️ Serão dragados cerca de 12,5 milhões de m³ de sedimentos, metade dos quais destinados ao alargamento da praia de Itapoá.
📌 2026 – 1º semestre – Fase de dragagem em andamento, com descarte controlado de sedimentos na orla de Itapoá.
📌 2º semestre de 2026 – Conclusão prevista da obra.
➡️ Canal de acesso portuário ampliado de 14 para 16 metros.
➡️ 8 km da faixa de areia de Itapoá recuperados com engordamento inédito no Brasil.
📌 2027 em diante – Expectativa de impactos positivos:
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Aumento da competitividade dos portos catarinenses.
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Redução da erosão costeira e fortalecimento do turismo em Itapoá.
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Projeto referência para futuras dragagens em outros portos brasileiros.
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