O presidente Lula (PT) disse que “o Brasil não tem medo de competir” comercialmente com os Estados Unidos. Lula deu a declaração durante coletiva de imprensa concedida a jornalistas brasileiros e chineses, em Pequim, sobre a visita à China e o estreitamento das relações com o regime comunista chinês.
Questionado se estaria preocupado com a possibilidade de o acordo entre China e EUA diminuir as exportações brasileiras, Lula disse que “o Brasil não tem medo de competir com os Estados Unidos na quantidade e na qualidade dos produtos.”
“Quanto mais comércio melhor para todo o mundo […] O Brasil deseja aos EUA aquilo que eu desejo para o Brasil: crescimento, melhorar a qualidade de vida do povo americano, e é para isso que o Trump foi eleito, e é para isso que eu fui eleito”, completou.
VEJA TAMBÉM:
-
Entra em vigor “trégua” entre China e EUA para conter guerra comercial
Lula também afirmou que não teme eventuais retaliações do presidente dos EUA, Donald Trump.
“Não temos medo de retaliação […] Espero que o Trump compreenda o que é a relação de mais de 200 anos entre Brasil e EUA. E que o Trump não se esqueça nunca que eles têm superávit primário com o Brasil”, afirmou o petista.
Investimentos e defesa do multilateralismo
O petista disse que volta ao Brasil “mais otimista” com as possibilidades de paz entre Rússia e Ucrânia, de crescimento econômico e de mais investimento chinês no Brasil. Ele destacou a produção agrícola do Brasil e disse que a China pode trocar tecnologias para o avanço do setor.
“Ao invés de a gente ficar reclamando, a gente precisa produzir mais, plantar mais”, disse.
“Nossa relação com a China não é trivial, é estratégica, e queremos tudo que eles possam compartilhar conosco”, prosseguiu Lula, ressaltando que está satisfeito com o posicionamento da China em defesa do “multilateralismo”.
Tarifaço de Trump
Lula ainda citou o “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à China.
Os dois países chegaram a um acordo, na segunda-feira (12), e as “tarifas recíprocas” foram suspensas por 90 dias. Com isso, a taxação americana sobre as importações chinesas reduziu de 145% para 30%. Já a tributação chinesa aos produtos americanos passou de 125% para 10%.
“É uma demonstração de que temos que defender a nossa soberania. Meus ministros Mauro e Alckmin sabem que nós queremos negociar com os EUA. Eu disse a eles: ‘gastem a última palavra de negociação que tiver no nosso dicionário, mas se não tiver o acordo colocaremos em prática a reciprocidade ou vamos para a OMC brigar pelos nossos direitos”, enfatizou.
Acordo entre Rússia e Ucrânia
Lula também disse que conversou com o ditador russo, Vladimir Putin, sobre as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia. O mandatário brasileiro disse estar “muito otimista” com a possibilidade de um encontro entre Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira (15), na Turquia.
“Estou muito feliz com o encaminhamento [das discussões]. Vamos ver se o presidente Putin vai à Turquia, se eles se colocam de acordo”, comentou.
Na segunda-feira (12), Zelensky confirmou que espera que Putin compareça ao encontro, apesar de ele não ter declarado o cessar-fogo de um mês que lhe foi pedido.