A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta quarta-feira (4) que cortará 20% de seus cargos, medida que não atinge os empregos da equipe permanente. A decisão foi confirmada pelo porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, que explicou que os cortes incidem principalmente sobre cargos vagos ou temporários, sem impacto imediato sobre os servidores estáveis.
“Vamos deixar claro que, quando falamos de 20%, estamos falando de cargos, o que é algo diferente de pessoal, porque alguns dos cargos não são preenchidos”, afirmou Dujarric.
Fontes da ONU detalharam à Agência EFE que essas vagas incluem posições atualmente desocupadas devido a licenças prolongadas, concursos atrasados ou contratos ocupados por profissionais externos. Com isso, a expectativa é reduzir o impacto negativo sobre a estrutura fixa da organização.
A ONU classificou a atual situação que está enfrentando como uma “crise de liquidez”. Entre as medidas de contenção deste crise, está o encerramento de contratos de aluguel de três prédios fora da sede, além da previsão de devolução progressiva de outros imóveis utilizados pela instituição. Também foi anunciado o fechamento do Café de la Paix, lanchonete popular entre funcionários, durante todo o segundo semestre de 2025, “devido à atual situação financeira”.
A crise financeira da ONU se arrasta há anos, mas foi intensificada por decisões do governo dos Estados Unidos após a posse de Donald Trump. Entre elas, estão o atraso no pagamento das contribuições obrigatórias, a saída de agências como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o corte de repasses para operações humanitárias, afetando diversas áreas da ONU.
O porta-voz lembrou que as contribuições dos Estados-membros são definidas na Carta da ONU e o não pagamento pode levar à perda do direito de voto na Assembleia Geral, como já ocorreu com países como a Venezuela.