A produção industrial brasileira cresceu apenas 0,1% em abril deste ano na comparação com março de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (3) pelo. Apesar de representar o quarto resultado positivo consecutivo, o avanço quase nulo acende um sinal de alerta quanto à perda de fôlego do setor.
Na comparação com abril de 2024, houve retração de 0,3%, encerrando uma série de dez meses seguidos de crescimento na produção industrial do país. Apesar disso, o resultado positivo alcançou três das quatro categorias pesquisadas e 13 dos 25 ramos analisados.
“Vale destacar que com esses resultados, a produção industrial se encontra 3,0% acima do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, mas ainda 14,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, disse André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.
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O acumulado em 12 meses indica uma expansão de 2,4%, mas com desaceleração na comparação com os meses anteriores — março (3,1%), fevereiro (2,6%) e janeiro (2,9%). Entre as grandes categorias econômicas pesquisadas, destacaram-se os resultados positivos de bens de capital (1,4%), bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (0,4%).
Já os bens de consumo semi e não duráveis recuaram 1,9%, puxando o índice geral para perto da estagnação. No acumulado do ano, o crescimento é de 1,4%.
Segundo o IBGE, as indústrias extrativas cresceram 1% e acumulam alta de 7,5% nos últimos três meses, impulsionadas principalmente pela maior extração de petróleo e minério de ferro. Também contribuíram positivamente os setores de bebidas (3,6%), com aumento na produção de cervejas, chopes e refrigerantes, e o de veículos automotores, reboques e carrocerias (1%). Outro destaque foi o segmento de impressão e reprodução de gravações, que teve salto de 11,0%.
Por outro lado, 11 das 25 atividades industriais tiveram queda em abril, como nos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%).
“Ambas as atividades eliminaram parte dos avanços verificados em março de 2025. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis havia avançado 3,4% e foi influenciada pela redução na produção do álcool e derivados do petróleo, enquanto a queda na indústria farmacêutica, após crescimento de 12% em março, foi influenciada pela queda na fabricação de medicamentos”, pontuou Macedo.
Também registraram quedas os segmentos de celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), móveis (-3,7%), máquinas e equipamentos (-1,4%), produtos diversos (-3,8%) e materiais elétricos (-1,9%).
A comparação com abril de 2024 aponta um cenário mais preocupante, em que o recuo de 0,3% interrompe uma sequência positiva que durava desde junho de 2023. A queda, diz o gerente do IBGE, foi influenciada “não só pelo efeito-calendário, com dois dias úteis a menos, mas também por uma base de comparação elevada, já que abril de 2024 teve forte crescimento de 8,4%”.
Entre as grandes categorias econômicas, a maior retração na comparação interanual veio dos bens de consumo semi e não duráveis (-5,4%), seguidos dos bens de capital (-3,3%). Em contraste, os bens intermediários (1,9%) e os bens de consumo duráveis (2%) apresentaram crescimento.
Na lista das atividades com pior desempenho anual, destacam-se produtos alimentícios (-4,9%), veículos automotores (-3,7%), derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,9%) e produtos farmacêuticos (-9%). Também apresentaram quedas os segmentos de materiais elétricos (-6,7%), papel e celulose (-3,8%), impressão e reprodução (-17,5%), couro e calçados (-5,3%), vestuário (-3,8%) e plásticos (-1,5%).
Por outro lado, nove atividades industriais registraram aumento em relação ao mesmo mês do ano anterior. O principal destaque foi a indústria extrativa (10,2%), seguida por manutenção e instalação de máquinas e equipamentos (10,4%), metalurgia (4,4%), produtos têxteis (6,6%), bebidas (2,5%) e produtos químicos (0,9%).