Após o início da ofensiva de Israel contra suas instalações nucleares e militares nesta sexta-feira (13), o Irã respondeu com ataques de drones e mísseis e o novo comandante-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, general Mohammad Pakpur, declarou que “as portas do inferno se abrirão em breve para os sionistas”.
A expectativa é de um conflito de vários dias, mas, apesar da bravata iraniana, o regime de Teerã parece por enquanto ter poucas perspectivas de conseguir uma vitória militar ou sequer dar uma resposta que cause grandes danos a Israel.
Para começar, ainda está sendo analisado como a ofensiva israelense causou e causará impactos à capacidade militar do Irã, mas projeta-se que serão significativos, visto que a escala deste ataque de Israel supera os que realizou em abril e outubro do ano passado contra o mesmo adversário.
Além disso, parte importante da cúpula militar iraniana foi morta, o que dificultará o planejamento de uma resposta.
Em artigo para o site da revista americana Foreign Affairs, Kenneth Pollack, vice-presidente de políticas públicas do think tank Instituto do Oriente Médio e ex-analista militar da CIA para o Golfo Pérsico, afirmou que algumas opções do Irã seriam ataques cibernéticos e mísseis e drones aprimorados, com relatos de ajuda da Rússia nesse sentido.
Entretanto, Pollack destacou que o regime dos aiatolás enfrenta sérios limites para dar uma resposta militar significativa a Israel.
“O primeiro problema do Irã é a distância, e o segundo são as defesas de Israel. Por causa de ambos, Teerã tem pouca capacidade de usar sua força aérea contra Israel”, explicou.
“Além disso, com cerca de 1.120 quilômetros de Iraque, Síria e Jordânia separando-os, o Irã não pode realizar um ataque terrestre contra Israel — o que seria suicida contra o exército israelense, muito mais competente, de qualquer forma”, escreveu Pollack.
“Consequentemente, se houver uma retaliação militar iraniana direta, ela quase certamente será baseada nas forças de mísseis e drones do Irã, que se mostraram de capacidade limitada contra as defesas israelenses”, acrescentou.
De fato, as respostas militares que o Irã deu por ora nesta sexta-feira não chegaram nem perto dos estragos que Israel infligiu ao país persa.
Antes dos ataques diretos que trocam desde o ano passado, Israel e Irã se enfrentavam de forma indireta, com Teerã promovendo agressões por meio dos grupos terroristas que apoia.
Pollack afirmou que há possibilidade de o Irã causar estragos a Israel por meio de um ataque terrorista, mas que essa possibilidade é remota agora, a menos que já esteja sendo planejada “há muito tempo”.
“As defesas antiterroristas de Israel são formidáveis, e ataques terroristas, especialmente os de grande porte e danos, não podem ser realizados da noite para o dia. Levam meses de planejamento, reconhecimento, preparação e infiltração”, ponderou.
Nick Paton Walsh, correspondente-chefe de segurança internacional da CNN, afirmou num artigo que o Irã poderia agora tentar acelerar a construção da sua bomba nuclear.
“Mas suas defesas precárias e a infiltração clara e humilhante da inteligência israelense tornam essa possibilidade remota. Apressar-se para construir uma arma nuclear não é uma tarefa simples, especialmente sob fogo, com sua liderança principal correndo o risco de ataques precisos”, disse Walsh.