Os regimes da Nicarágua e da Rússia assinarão ainda este ano um acordo militar que permitirá a tropas nicaraguenses receber treinamento das Forças Armadas russas por um período inicial de cinco anos, com possibilidade de renovação. O pacto, segundo informou a emissora estatal russa Izvestia, prevê 16 pontos de cooperação, incluindo intercâmbio de experiências de combate, instrução tática e capacitação em operações militares.
A parceria, já aprovada por Moscou em dezembro 2024, marca um novo estágio da aliança entre os ditadores Vladimir Putin e Daniel Ortega, e poderá incluir a transferência de conhecimento adquirido pelas forças russas no contexto da invasão à Ucrânia. A previsão é que uma delegação militar da Nicarágua visite a Rússia em setembro deste ano para acompanhar exercícios bélicos já como observadora.
Em paralelo, os laços entre os dois países vêm se fortalecendo em outras áreas estratégicas. Em abril, Rússia e Nicarágua assinaram um acordo de cooperação bilateral em cibersegurança. Segundo Laureano Ortega Murillo, filho de Ortega e de Rosario Murillo, o tratado “permitirá estabelecer um plano de ação conjunto em matéria de segurança da informação e a capacitação de especialistas”.
No mesmo dia, a Assembleia Nacional da Nicarágua, controlada por Ortega, aprovou a execução de um acordo de livre circulação com a região separatista da Ossétia do Sul, alinhada ao Kremlin e não reconhecida pela maioria dos países. O gesto foi interpretado como mais um sinal de fidelidade de Ortega a Putin, reforçando o isolamento diplomático do regime nicaraguense frente ao Ocidente.
A relação entre Rússia e Nicarágua tem raízes antigas. Durante o primeiro governo sandinista (1979-1990), o país centro-americano recebeu armamentos soviéticos para reforçar suas Forças Armadas. Hoje, sob forte repressão política e alianças com ditaduras globais, Ortega busca ampliar sua dependência de potências como Rússia e China para garantir apoio logístico, militar e tecnológico.