A Universidade de Michigan teria contratado investigadores particulares disfarçados para monitorar grupos estudantis pró-Palestina, dentro e fora do campus universitário. As informações sobre o caso foram publicadas pelo jornal britânico The Guardian.
Segundo a reportagem, os investigadores seguiram os estudantes, gravaram suas conversas e teriam até encenado confrontos. Os alunos, por sua vez, descrevem as ações como táticas de intimidação.
A reportagem se baseia em entrevistas e vídeos divulgados do que seriam os estudantes gravando os investigadores particulares. De acordo com o jornal The Guardian, os agentes parecem trabalhar para uma empresa de segurança privada chamada localizada em Detroit, capital do estado de Michigan.
Entre junho de 2023 e setembro de 2024, a empresa teria recebido pelo menos US$ 800.000 (R$ 4.47 milhões) por serviços prestados.
Segundos os estudantes ouvidos pela reportagem, dezenas de investigadores foram descobertos. Eles trabalhavam em equipe, por vezes de maneira passiva, sentados em mesas próximas em cafés e bares, escutando conversas.
As vigilâncias dentro do espaço universitário vem aumentando após fiscalizações autorizadas pela procuradora-geral democrata de Michigan, Dana Nessel, e pelo FBI a pedido de Trump, segundo os alunos.
As ações do governo americano contra alunos e universidades que fazem apologia a movimentos extremistas islâmicos vem aumentando. Na última quarta-feira, o Escritório de Direitos Civis do Departamento de Educação dos Estados Unidos notificou a Universidade de Columbia, em Nova York, a respeito da possibilidade de retirada do credenciamento da instituição.
O Departamento acusa a direção da instituição de agir “com indiferença deliberada em relação ao assédio a estudantes judeus, violando assim o Título VI da Lei de Direitos Civis de 1964”.
Em janeiro deste ano, o governo Trump anunciou que cancelaria vistos de estudantes universitários estrangeiros que demonstraram apoio ao grupo terrorista Hamas durante protestos pró-Palestina.
“A todos os estrangeiros residentes que se juntaram aos protestos pró-jihadistas, nós os colocamos em aviso: em 2025, nós os encontraremos e os deportaremos”, declarou Trump, à época. “Eu também cancelarei rapidamente os vistos de estudante de todos os simpatizantes do Hamas nos campi universitários, que foram infestados com radicalismo como nunca antes.”
Sobre as informações publicadas pelo The Guardian, a Universidade de Michigan afirmou em comunicado que nunca recebeu reclamações a respeito de investigadores. Sobre os gastos com vigilância, a entidade afirma que “todas as medidas de segurança em vigor têm como único objetivo manter um ambiente de campus seguro e protegido e nunca são direcionadas a indivíduos ou grupos com base em suas crenças ou afiliações”, segundo um porta-voz. A empresa de vigilância não respondeu aos pedidos de comentário do jornal britânico.
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