O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), deu um passo claro em direção à corrida presidencial de 2026, em entrevista à Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (4). Ele confirmou estar “percorrendo o Brasil” como pré-candidato e defendeu pautas de forte apelo à direita, como o indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Sim, daria”, respondeu Zema ao ser questionado se, eleito, concederia indulto a Bolsonaro, condenado e atualmente inelegível. Apesar da movimentação pessoal, o governador disse que ainda considera Bolsonaro a principal liderança da direita e afirmou que, caso ele recupere os direitos políticos e decida concorrer, o campo conservador deve “trabalhar unido”.
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“Fico satisfeito de ver que a direita tem várias opções e, quanto mais opções, mais chances, diferentemente da esquerda. Continuo confiante de que o presidente Bolsonaro possa ter os seus direitos políticos reconquistados e venha a ser o candidato. Se ele for, com toda certeza a direita vai trabalhar unida em torno do nome dele”, disse à Folha.
Zema evitou, no entanto, firmar compromisso com eventuais candidaturas de Michelle Bolsonaro ou dos filhos do ex-presidente, classificando a situação como “um tanto quanto diferente” e afirmando ser “difícil opinar nesse momento”.
Em sua própria defesa, Zema destacou sua experiência como executivo à frente de uma empresa com 5 mil funcionários e de Minas Gerais, com mais de 300 mil servidores. “Sou muito mais apto a montar um time do que ser subordinado a alguém”, disse, sem descartar manter sua candidatura mesmo diante de nomes como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Críticas ao governo Lula e dívida de MG
Na entrevista, Zema reforçou a sua posição mais crítica ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que como governador tem a “obrigação” de “mostrar que nós estamos caminhando para o precipício” devido à situação atual do Brasil. Segundo o governador, Lula acumula uma repetição dos problemas econômicos de gestões anteriores, além do aumento da criminalidade e da queda de popularidade.
“Se o problema dele fosse só popularidade, poderia se recuperar. O problema dele é execução. Esse governo não entrega nada a não ser inflação, aumento de juros, de impostos e eventos demais. Toda hora é só anúncio e nada de entrega”, disse.
Sobre a transparência fiscal em Minas Gerais, Zema rebateu críticas sobre sigilo em benefícios tributários, destacando que o estado saiu da 22ª para a 1ª posição no ranking de transparência da Controladoria Geral da União (CGU). Ele afirmou que nenhum novo incentivo fiscal foi concedido por sua gestão e que empresas foram atraídas com base em mecanismos já existentes. Disse ainda ter solicitado à Secretaria da Fazenda a publicação desses dados, e reforçou que os voos realizados em aeronaves do estado por ele e sua equipe são divulgados no portal da transparência, em contraste com gestões anteriores.
Zema também comentou sobre a dívida de Minas Gerais com a União, que classificou como um dos maiores desafios herdados. O plano de sua gestão prevê quitar 20% da dívida — cerca de R$ 35 bilhões — por meio da entrega de imóveis e ativos do estado ao governo federal. A proposta busca reduzir em até 3% ao ano a taxa de juros da dívida. “A União terá um cardápio muito grande de bens para escolher, superando o valor necessário, já que a dívida continua a crescer apesar dos pagamentos”, afirmou.